12/05/2016

A Verdadeira Amizade


Hoje ao percorrer os olhos pela estante dos meus livros, pararam num em particular e na minha mente as palavras ecoavam... uma após a outra, como se o tivesse lido ontem. Quando se tem o coração cheio de amor para dar e para receber estas palavras nunca se esquecem...

Ao olhar em volta e verificar que muitas são as pessoas que se esquecem que ser amigo não é apenas dizer que se é. Ser amigo é ser de verdade, mesmo que ausente um amigo está presente de coração e nós sentimos que está.

Tenho amigas assim. Sei que estão comigo mesmo que estando longe, assim como eu estou com elas.
A amizade verdadeira emana um sentimento tão puro e tão mágico que só quem não sabe o que realmente é evita senti-lo ou simplesmente finge sentir.

Foi então que folheei cuidadosamente o meu velhinho livro... hum... como gosto do cheiro a papel.... e procurei, procurei, procurei e encontrei:



"Foi então que apareceu a raposa.

-        Olá, bom dia! – disse a raposa.

(...)

-        Olá, bom dia! – respondeu delicadamente o principezinho que se voltou mas não viu ninguém.
      -        Estou aqui – disse a voz – debaixo da macieira.
      -        Quem és tu? – perguntou o principezinho – És bem bonita…
-        Sou uma raposa – disse a raposa
-        Anda brincar comigo – pediu-lhe o principezinho – Estou tão triste…
-        Não posso ir brincar contigo – disse a raposa. – Não estou presa…
-        Ah! Então, desculpa! – disse o principezinho

Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:

-        O que é que "estar preso" quer dizer?
-        Vê-se logo que não és de cá – disse a raposa. – De que é que tu andas à procura?
-        Ando à procura dos homens – disse o principezinho. – O que é que "estar preso" quer dizer?
-        Os homens têm espingardas e passam o tempo a caçar – disse a raposa. – É uma grande maçada! E também fazem criação de galinhas! Aliás, na minha opinião, é a única coisa interessante que eles têm. Andas à procura de galinhas?
-        Não – disse o principezinho. – Ando à procura de amigos. O que é que "estar preso" quer dizer?
-        É uma coisa que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. – Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
-        Laços?
-        Sim, laços – disse a raposa. – Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo… 
-        Parece – me que estou a começar a perceber – disse o principezinho. – Sabes, há uma certa flor…tenho a impressão que estou presa a ela…
-        É bem possível – disse a raposa. – Vê – se cada coisa cá na Terra…
-        Oh! Mas não é da Terra! – disse o principezinho.

A raposa pareceu ficar muito intrigada

-        Então, é noutro planeta?
-        É.
-        E nesse tal planeta há caçadores?
-        Não.
-        Começo a achar – lhe alguma graça… E galinhas?
-        Não.
-        Não há bela sem senão… – disse a raposa.

Mas a raposa voltou a insistir na sua ideia:

-        Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu, caço galinhas e os homens, caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas às outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso, às vezes, aborreço-me um bocado. Mas, se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de Sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve para nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando eu estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo…

A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.

-        Por favor… Prende-me a ti! – acabou finalmente por dizer.
-        Eu bem gostava – respondeu o principezinho – mas não tenho muito tempo.

Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer…

-        Só conhecemos as coisas que prendemos a nós – disse a raposa. – Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!
-        E o que é que é preciso fazer? – perguntou o principezinho.
-        É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas – te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto…

O principezinho voltou no dia seguinte.

-        Era melhor teres vindo à mesma hora – disse a raposa. Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. Às quatro em ponto já hei-de estar toda agitada e inquieta: é o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas hei-de começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito… São precisos rituais.
-        O que é um ritual? – perguntou o principezinho.
-        Também é uma coisa de que toda a gente se esqueceu – respondeu a raposa. – É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias e uma hora, diferente das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, têm um ritual. À quinta – feira, vão ao baile com as raparigas da aldeia. Assim, a quinta – feira é um dia maravilhoso. Eu posso ir passear para as vinhas. Se os caçadores fossem ao baile num dia qualquer, os dias eram todos iguais uns aos outros e eu nunca tinha férias. 

Foi assim que o principezinho prendeu a si a raposa."


Texto: Antoine de Saint-Exupéry - O Principezinho
Imagem: desconheço fonte

35 comentários :

  1. Lindo ,lindo , 💜💜💜💜💜

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  2. Obrigado AMIGA por estares sempre "comigo"
    I <3 U

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    1. Não tens que agradecer. Tu és uma das amigas que referi. Não nos vemos, não falamos muito, mas sabemos que o sentimento está no 💖. Somos amigas de coração e isso ninguém pode apagar.
      Espero que estejas bem.
      Quando estás muito tempo ausente fico com o cartão apertado, mas sei é compreendo que precisas de desligar deste mundo.
      Eu estou sempre aqui para ti, mas disso tu sabes.
      BeijinhoBom amiga 💖

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    2. <3 há passatempo no meu cantinho lindo ;)

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    3. Tenho que passar lá. Vi que fizeste novo post. Tenho o e-mail que recebi nas tarefas para passar lá e ler.
      BeijinhoBom minha linda princesa

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  3. Minha Deusa palavras para ké? Lindo lindo lindo e sim a amizade constroi-se e kuida.se... Ke bom ke enkontrámos a amizade pois é um sentimento lindo kuando verdadeiro... Bjinhos

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    1. Mais uma amiga. Um anjo, uma irmã. Adoro a tua forma de ser. És um doce. Um doce que eu adoro.
      BeijinhoBom 😘

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  4. Ke lindooo gosteiii imensoo...
    A amizade é boa e lindaaaa e faz mto bem... Bjinhos

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    1. Mesmo amiga, mas tem que ser verdadeira.
      BeijinhoBom 😘

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  5. Muito lindo ;).
    Beijinhos e bom fim de semana Paula.

    misscokette.blogspot.pt

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    1. Obrigada Miss Cokette.
      A verdade é que os ensinamentos de Antoine de Saint-Exupéry trazem muito sentimento. Falam por si. Acho que toda a gente deveria Ler O Principezinho. Mas ler de verdade...
      Tu, se ainda não leste, irias adorar.
      BeijinhoBom 😘

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  6. Estas absolutamente espectacular e maravilhoso. Definiste a amizade de forma sublime, Paulinha. A história da raposa será uma história que muitas pessoas deviam interiorizar para perceberem melhor a amizade. Beijinhos

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    1. Os ensinamentos de Antoine de Saint-Exupéry trazem muito sentimento. Sou da opinião que toda a gente deveria dedicar um pouquinho do seu tempo a ler o que ele escreve.
      Obrigada por passares no meu cantinho.
      Tão bom receber-te...
      BEijinhoBom*

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  7. A história que aqui escreveste descreve de forma sublime o verdadeiro significado da palavra amizade, Paulinha. A história da raposa e do principezinho como outras histórias de Saint Exupéri são absolutamente fabulosas e muitas pessoas deveriam aprender a interiorizar estas histórias. Beijinhos

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    1. Os ensinamentos de Antoine de Saint-Exupéry trazem muito sentimento. Sou da opinião que toda a gente deveria dedicar um pouquinho do seu tempo a ler o que ele escreve.
      Obrigada por passares no meu cantinho.
      Tão bom receber-te...
      BEijinhoBom*

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  8. Li quando era mais pequenina por indicação do meu pai!
    Como eu gostei deste post Paula, estava ansiosa por me sentar aqui a ler estas palavras.
    E sabes o que te digo? aqui eu já me sinto "presa" :)
    A amizade é das formas de estar mais bonitas quando ela existe de forma espontânea e verdadeira. Não há muitos, mas os que há são demasiado preciosos.
    Um grande beijinho para ti
    elisaumarapariganormal.blogspot.pt

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    1. Olá minha querida. Estava à tua espera :D
      É verdade!!! As tuas palavras dão-me sempre muito conforto. Chegam sempre carregadinhas de sentimento, de carinho e pura amizade. Estou completamente "presa" a ti ;)
      Eu também li este livro quando era mais nova, mas a verdade é que quem lê este livro (ler de verdade) nunca esquece os ensinamentos que ele oferece nem as mensagens nele contidas. É um libro que, a meu ver, todos deveriam ler.

      BeijinhoBom doce Elisa

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  9. Adorei, simplesmente belo e único. Uma descrição absolutamente incrível do verdadeiro significado da palavra amizade. Já li o Principezinho e fiquei fã e realmente acho que todas as pessoas o deveriam ler

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  10. Adoro este livro =) tb o tenho entre a minha coleção de livros pois adoro ler ^_^

    é maravilhoso!

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  11. Adorei.Precisava de ler hoje isto...
    Beijinhos
    Ass: Sónia Carvalho

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  12. Isto é uma grande falha que tenho, nunca li o principezinho mas adoro os excertos que vou lendo dele

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  13. Que lindo este conto é curto e mesmo assim nos faz refletir.

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BeijinhoBom*